#Arquivo TM: Chico Bento: Parece Outro

Post por: Marcos (Arquivos Turma da Mônica)


Publicada originalmente em Chico Bento nº 65 (Ed. Abril, 1985) e escrita pelo Mauricio de Sousa em 14 páginas, a história "Parece Outro" é um clássico da MSP. A começar pela capa que faz alusão à história, coisa que não era muito comum na época. Só em histórias importantes que mostrava a história de abertura nas capas dos gibis da Editora Abril, com exceção da revista do Cebolinha. 

Para quem não leu, a história "Parece Outro" mostra um Chico diferente após acordar numa certa manhã. Ele acorda, pela manhã, e não reconhece os próprios pais. Ele começa a falar português corretamente e estranha os próprios pais e a casa onde mora. Os pais ficam assustados vendo o filho daquele jeito.


Na verdade o que aconteceu foi que, por um dia, o espírito do Chico e o de um menino rico da cidade grande trocaram de corpo e viveram em realidades trocadas. Ou seja, o garoto rico está no corpo do Chico, e o Chico está no corpo do menino rico. Por um dia, o garoto rico passa a conviver com os pais do Chico no sítio e eles mostram ao menino a rotina do sítio, sem mordomias de geleia e "cornflakes" no café da manhã, banho com água encanada, ônibus pra ir pra escola, etc.


Aí depois de um dia cheio, com direito de até pegar inchada no roçado, ele vai dormir. No final, já no dia seguinte, tudo volta ao normal: o Chico volta a falar acaipirado como antes dizendo que teve um sonho maluco em que estava num casarão rico e ao mesmo tempo a mãe pensa: "Quem qué qui tenha sido, foi bão ter tratado ele como fio! Ele parecia tão percisado!"

Essa troca de corpos foi feita para ajudar o menino rico a dar valor às coisas simples da vida, já que dá pra entender que ele só dá valor aos bens materiais. Sendo que em nenhum momento da história aparece o Chico na casa do menino em que trocou o corpo.


Não fica claro se realmente aconteceu ou se foi um sonho do Chico, fica a dúvida se foi realmente uma "realidade paralela" que ele viveu por um dia ou não. O Maurício adorava fazer histórias assim que do nada acontecia algo e no outro dia voltava ao normal como se nada tivesse acontecido ficando a cargo do leitor a interpretar e tirar suas próprias conclusões se aquilo aconteceu ou não. Algo semelhante aconteceu também em Mônica nº 3 (Ed. Abril, 1970) na história "Quem tem medo da mini-Mônica" em que a Mônica acorda em forma de miniatura do nada e no dia seguinte volta ao normal, ficando a dúvida se ela encolheu de verdade ou não.


Só não gostei muito do aquadrinhamento dessa história "Parece outro" ter só 3 quadrinhos por página (em algumas só 2 quadrinhos). Embora para essa história até que não ficou ruim. Muitas histórias de 1985 colocavam aquadrinhamento desse jeito. À princípio, eu pensava que eram só nas histórias sérias, mas tem outras normais também com esse formato. Depois, eles pararam com isso e, ultimamente nos gibis, parecem que infelizmente estão retornando isso de 3 ou 4 quadrinhos por páginas. Nunca gostei porque fica parecendo que estão enchendo linguiça para fechar o gibi.


E muitas histórias do Chico Bento em 1985 têm esses temas sérios, com lição de moral, às vezes até emocionantes. Aliás, nem eram só do Chico, os outros personagens também tinham, mas do Chico eram mais frequentes. Quando criança eu também não gostava muito de histórias sérias assim. Na verdade, nem entendia direito. Sempre achei que gibi é pra diversão, ter apenas histórias que fazem a gente rir. Hoje, não mudo muito essa opinião de gibi tem que fazer rir, mas, de vez em quando, é bom histórias assim para gente pensar. E bem  ou mal, apesar de tudo, nessa história tem a fantasia de criança dele acordar do nada diferente e voltar ao normal no dia seguinte, sem nenhuma explicação. Isso é bom e boa sacada do Maurício. O leitor é quem decide o que aconteceu.

Enfim, uma história do Chico Bento bem interessante e profunda. Um clássico. As imagens da postagem são trechos da histórias, e não é a história completa. Eu a li pela primeira vez quando foi republicada no Almanaque do Chico Bento nº 31 (Ed. Globo, 1995):


Nenhum comentário:

Postar um comentário

- Críticas em anônimo serão excluídas. Se for criticar construtivamente, use um perfil.
- Não use palavras de baixo escalão.
- Tenha bom senso, palavras podem causar danos irreparáveis.